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The Light Shines Only There
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28 dias atrás
Completados 0
No geral 10
História 10
Acting/Cast 10
Musical 10
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Dolorosamente lindo

Sabe quando um filme é tão bom desde o início que você já sofre só de saber que ele vai acabar? Foi exatamente essa a minha experiência com The Light Shines Only There. E o mais curioso é que ele é desconfortável e, ainda assim, eu queria permanecer mais tempo naquele universo cruel e melancólico.

A premissa é simples, mas executada com precisão e intensidade. Seguimos um homem solitário, carregando uma depressão que o afunda em jogos, bebidas e cigarros, que acaba criando uma amizade improvável com um ex-detento, um rapaz que é o completo oposto dele: espontâneo, animado, cheio de vida. A partir desse encontro, ele conhece a irmã mais velha do rapaz, uma mulher que se prostitui para sustentar a casa. E é com ela que nasce um romance tão torto quanto necessário.

A família desses dois irmãos vive em condições miseráveis. Tudo fede a abandono, dor e sobrevivência, e o filme não tenta aliviar esse retrato em nenhum momento.

Mas o que torna o filme tão poderoso é justamente a sensibilidade com que constrói as relações entre os personagens. A amizade entre os dois homens é uma das coisas mais bonitas do roteiro. O vínculo entre eles é tão genuíno que parece uma relação de irmãos. O romance com a irmã é igualmente intenso. E cada vínculo funciona como uma pequena fagulha tentando iluminar o abismo emocional em que todos se encontram.

O filme é triste, mas há beleza nessa tristeza. É bonito ver como o amor e a amizade oferecem pequenos respiros. É tocante ver o protagonista ganhando cor ao se apaixonar. É comovente quando ele deseja proteger alguém que já não sabe mais o que é ser protegida. E também é doloroso ver os três tentando escapar do inferno particular em que vivem.

A fotografia é impecável, crua, mas delicadamente bela. A direção é segura e sabe exatamente onde colocar a câmera para extrair o máximo de dor, desejo e desconforto. As cenas de nudez são conduzidas com uma maestria rara, especialmente ao contrastar o sexo cheio de afeto com o protagonista com o sexo mecânico, degradante e traumático com o antagonista.

Nada é gratuito aqui. Nem o sofrimento, nem a nudez, nem os silêncios, nem os gritos. O roteiro acerta ao se manter centrado nos dramas dos personagens, sem tentar abraçar temas demais. Os diálogos são realistas, a atmosfera é carregada e, mesmo com um ritmo lento, o filme prende. É aquele melodrama sombrio que sabe o que quer dizer e como dizer.

É difícil encontrar um filme que cause tanto incômodo e encanto ao mesmo tempo. The Light Shines Only There me deixou arrasada, tocada e apaixonada. Um filme para sentir na pele. E um dos melhores nessa temática que já vi.

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Wanee and Junah
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29 dias atrás
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No geral 5.0
História 5.0
Acting/Cast 8.0
Musical 10
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Silêncios que pesam mais do que palavras

É difícil escrever sobre Wanee and Junah. Faz tempo que um filme não me deixava tão dividida entre o que senti e o quanto gostei.

Sei que gostei, mas até que ponto, eu ainda não sei. Talvez porque seja um filme que mais provoca do que responde, mais evoca do que entrega.

É uma história lenta, contemplativa, que funciona justamente por se passar numa cidade pequena do interior. O ritmo calmo da vida se espelha no tempo do filme.

Acompanhamos Wanee, uma mulher que vive com o namorado, Junah. Eles se amam, mas há uma desconexão sutil entre os dois, um ruído de fundo, um silêncio desconfortável. Algo que ela evita nomear.

Tudo começa a mudar quando Wanee recebe a notícia de que seu irmão está voltando. A partir daí, memórias esquecidas ou reprimidas começam a emergir. E quanto mais o passado vem à tona, mais ela se distancia do presente e de Junah, que tenta entender o que está se passando.

Aos poucos, o filme revela que a relação entre Wanee e o irmão ultrapassou o aceitável. Eles se apaixonaram. E a partida dele foi a ruptura silenciosa de algo que nunca teve permissão para existir. Esse sentimento mal resolvido a paralisa. Ela não consegue seguir em frente, não com verdade, não com entrega. E Junah, que claramente a ama mais do que é amado, se vê cada vez mais impotente diante desse afastamento silencioso.

Gosto muito da forma como o filme conduz essa revelação. Não há pressa. As memórias vêm aos poucos, sem estardalhaço, quase como se brotassem da melancolia. O passado e o presente se misturam de forma orgânica, embora às vezes confusa. As transições de tempo são sutis demais, e se não fosse por um detalhe mínimo como um corte de cabelo, seria quase impossível identificar o que é flashback.

Há escolhas de direção que me pareceram pouco funcionais. O filme dedica tempo demais às cenas dela trabalhando como animadora. Entendo a tentativa de dar um paralelo simbólico — ela se refugia no trabalho para fugir de casa, fugir de si mesma —, mas a execução cansa um pouco. Existem maneiras mais eficazes de mostrar esse afastamento emocional sem recorrer tanto ao cotidiano profissional, que parece deslocado do centro emocional da trama.

Ainda assim, Wanee and Junah tem méritos fortes: a fotografia é lindíssima, a atmosfera tem um peso melancólico envolvente, e há um cuidado visível em tratar o tema com delicadeza.

Mas também fica a sensação de que o diretor queria dizer algo profundo e íntimo, só não encontrou completamente o caminho. O filme promete um melodrama contido, cheio de silêncios dolorosos e sentimentos proibidos, mas por vezes hesita em mergulhar de fato neles.

No fim, Wanee and Junah é uma experiência sensorial. A gente sente mais do que entende. E talvez seja esse o ponto. Mesmo com seus tropeços, ele me marcou. Eu gostei. Mas com um pouco mais de entrega emocional, eu poderia ter amado.

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We Are Adults
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Jun 13, 2025
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No geral 8.0
História 8.0
Acting/Cast 9.0
Musical 10
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Um retrato dolorosamente sutil da vida adulta

Grown-ups me pegou de surpresa, e de uma forma muito boa. É um filme slice of life, com o ritmo orgânico e por vezes entorpecido da vida real. Como o próprio título sugere, ele mergulha com delicadeza (e certa crueldade) no processo de amadurecimento, com foco especial nos momentos em que somos forçados a crescer mesmo sem estarmos prontos.

A protagonista acaba de descobrir uma gravidez inesperada e não tem certeza de quem é o pai: o namorado atual ou um antigo caso de uma noite. A partir daí, o filme alterna entre presente e passado, construindo aos poucos uma teia de lembranças, silêncios e decisões mal resolvidas. Esse jogo de tempos pode causar certa estranheza no início, mas logo se torna viciante. O passado serve como chave para decifrar o presente e a protagonista.

O que realmente me prendeu foi a construção da dinâmica entre ela e o namorado. Ele não é aquele tipo clássico de homem tóxico explosivo. Pelo contrário, sua toxicidade é sutil, rasteira, silenciosa. Está nos pequenos gestos, nos silêncios forçados, nas conversas que ele sempre conduz ao seu favor. A protagonista vai se apagando aos poucos. Ela cede o tempo todo. Sente que algo está errado, mas não consegue reagir. O olhar dela, a postura, até o tom de voz com ele muda.

A manipulação dele é refinada. Ele nunca grita, nunca agride, mas sabe exatamente como culpabilizá-la, como inverter a narrativa, como aplacar qualquer rebelião com frases como “Por que você está agindo assim?” e com isso planta nela a dúvida sobre o próprio desconforto. É um retrato afiadíssimo de um relacionamento abusivo emocional, onde o abuso se disfarça de normalidade.

O ponto alto do filme, para mim, é o clímax. Um diálogo longo, cru, real, em que finalmente ela se impõe. É uma cena tensa, com uma carga dramática explosiva que fecha tudo com chave de ouro. Ali, o filme entrega tudo que prometeu construir desde o início: o amadurecimento emocional de alguém que foi esmagada por tempo demais.

As atuações são excelentes, especialmente a do ator que interpreta o namorado. Sua linguagem corporal é um espetáculo à parte. Até nos momentos de silêncio, seu corpo fala. Os gestos de contenção, os sorrisos vazios, a forma como tenta suavizar os próprios erros, é de uma veracidade impressionante.

A narrativa é minuciosa, concentrada nos detalhes. Nada é jogado na cara do telespectador, e por isso tudo tem mais peso. Mesmo com o ritmo lento, o filme prende. Vi de madrugada, exausta, mas em nenhum momento bocejei. Me manteve em estado de atenção constante, como se cada silêncio dissesse mais do que qualquer fala.

Claro, há pequenos tropeços aqui e ali, mas nada que prejudique a experiência. Grown-ups é um filme sério, humano, real. É sobre os momentos em que a vida exige que cresçamos, especialmente quando dói. É principalmente sobre aprender a dizer não, mesmo quando tudo ao redor te ensinou a ceder.

Recomendo!

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Sede de Sangue
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Jun 10, 2025
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No geral 8.0
História 8.0
Acting/Cast 9.0
Musical 10
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Uma surpresa gótica e grotesca

Thirst é um daqueles filmes que te pegam completamente desprevenido. Eu não tinha lido sinopse, como costumo fazer, fui pela capa e pelo elenco. Na minha cabeça, seria um filme de possessão sobre um padre exorcizando uma garota possuída. Então imagine o meu susto (e depois a minha fascinação) ao descobrir que, na verdade, era um filme de vampiros.

Logo nos primeiros minutos, fiquei hipnotizada. A fotografia é soberba, a direção é marcante em cada plano, e a assinatura do diretor é tão forte que parecia estar estampada na tela o tempo todo. É um filme visualmente impressionante, com efeitos especiais surpreendentemente bons para a época e uma maquiagem impecável, que reforça a atmosfera mórbida e surreal da história.

E que história doida e original. Um padre se voluntaria para testar uma vacina experimental contra uma doença letal. Então ele morre e volta à vida após ser infectado com sangue de vampiro durante a transfusão, e acaba se interessando pela esposa de seu amigo de infância. É estranho quando se resume assim, mas o modo como o roteiro desenvolve isso é autêntico, com muita identidade visual e bem interessante (eu garanto).

O tom do filme mistura tragédia, romance, horror e humor negro com uma naturalidade absurda. É tudo muito bizarro, perturbador, mas também estranhamente humano.

O elenco está brilhante, entregando atuações intensas e cheias de nuances, especialmente a dupla central, que conduz a trama com carisma e loucura crescentes. Eles tomam decisões cada vez mais imprevisíveis, e a narrativa segue por caminhos inesperados, mantendo a atenção do início ao fim.

É um filme violento e sexual, mas nada soa gratuito. A nudez, o sangue, os impulsos mais primitivos, tudo tem um propósito dentro da história. A sensualidade está ali, mas é desconfortável e distorcida. A violência choca, mas também revela as camadas de culpa, desejo, repressão e libertação dos personagens.

Park Chanwook sabe exatamente o quanto mostrar e quando.

Houve um momento em que senti o ritmo cair, especialmente quando os personagens começam a enlouquecer de vez, e a narrativa se torna mais errática. Mas logo o filme retoma o controle e volta a me surpreender.

Thirst é como assistir a uma versão adulta, ensanguentada e sexy da Família Addams: sombrio, excêntrico e, de forma estranha, divertido.

Recomendo fortemente para quem procura um filme que fuja do convencional, que provoque desconforto e risadas nervosas ao mesmo tempo.

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Fruit Of Love
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Jun 9, 2025
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No geral 2.0
História 2.0
Acting/Cast 5.0
Musical 4.0
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Um soft porn mal disfarçado de drama emocional

Fruit of Love é um exemplo claro de como uma premissa até poderia render algo instigante, mas afunda completamente na execução amadora, num roteiro raso e numa direção fetichista que transforma a proposta em algo quase ofensivo.

A trama é a de um “dark romance” barato, do tipo que se encontra perdido entre eBooks autopublicados na Amazon: um casal afundado em dívidas recebe uma proposta indecente de um empresário rico, ex-colega de escola deles, que oferece dinheiro para passar três meses com ela, seu antigo amor platônico. Como esperado, ela se envolve com ele emocionalmente, e a história tenta construir alguma tensão romântica a partir disso.

Mas o que poderia ser um drama passional se revela apenas um pretexto mal disfarçado para justificar longas (embora poucas) cenas de sexo mal filmadas.

A estrutura narrativa sofre com o erro clássico de "tell, don’t show". Ao invés de nos deixar sentir a história, o filme prefere personagens explicando tudo em diálogos expositivos e sem emoção. Momentos que poderiam ser carregados de tensão ou sentimento são reduzidos a falas desinteressantes que esvaziam qualquer potencial dramático. Em se tratando de uma obra audiovisual, essa escolha mata o impacto narrativo.

As cenas de sexo, por sua vez, escancaram o olhar masculino e fetichista da direção. A câmera está quase sempre centrada no corpo e nas expressões da mulher, buscando claramente excitar o espectador masculino. Isso por si só já incomoda, mas se torna revoltante na cena de estupro. Um momento que deveria ser retratado com seriedade e gravidade é filmado de forma fetichizada, como se fosse uma fantasia. A personagem repete que não quer, que não consente, e mesmo assim a câmera insiste em romantizar e erotizar a violência. A cena não tem propósito narrativo, não desenvolve personagem nem altera a trama de forma significativa. Serve apenas ao desejo sádico do diretor de provocar “prazer” visual com algo absolutamente condenável. É nojento e gratuito.

Os personagens são unidimensionais e têm falas rasas. O marido é o típico homem que não faz nada além de arrastar a esposa para o fundo do poço. Não trabalha, vive endividado, entrega a própria mulher a outro homem por dinheiro e ainda é tratado pelo roteiro como a escolha “certa” no final.

Já o empresário é o único que parece ao menos tratá-la com gentileza. Os dois têm química, e suas cenas juntos são as únicas que têm alguma centelha de autenticidade.

O filme tenta, de maneira falha e mal disfarçada, passar a mensagem de que “o dinheiro não traz felicidade” e que a vida simples e dura, ao lado de quem se ama, é o verdadeiro caminho. Mas como comprar essa ideia quando o marido é abusivo, passivo e conivente com o abuso sofrido pela esposa? E como ignorar que o final força a protagonista a escolher o retorno a essa vida miserável, ao invés de escolher ficar sozinha e passar a mensagem de que ela não precisa de ninguém para ser feliz?

O final é péssimo, incoerente, desconectado da realidade emocional construída (ou destruída) ao longo do filme. E revela muito mais sobre a visão machista e ultrapassada do diretor do que sobre qualquer arco narrativo que ele tenha tentado construir.

No geral, é um filme ruim. Amador, desconfortável, visualmente pobre (a fotografia é tenebrosa) e com uma abordagem questionável da sexualidade e do sofrimento feminino. Só não dou nota mínima porque as cenas da protagonista com o empresário ainda possuem alguma química, o resto é descartável.

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O Mundo de Kanako
1 pessoas acharam esta resenha útil
Jun 7, 2025
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No geral 6.0
História 6.0
Acting/Cast 10
Musical 10
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Estou sem palavras

Que filme alucinante, estou em êxtase!

The World of Kanako é completamente fora da caixinha (insano, visceral, perturbador) e me manteve vidrada em cada minuto. É daqueles filmes que você assiste com os olhos arregalados, soltando um "meu deus!" a cada reviravolta.

Os três maiores acertos, sem dúvida, foram:

1. O elenco, que entrega atuações arrebatadoras. Estamos falando de performances intensas, viscerais, daquelas que transbordam desconforto e verdade.

2. Os diálogos, sempre crus, violentos, cheios de tensão. Cada fala carrega um impacto narrativo real.

3. A montagem, que é simplesmente sensacional. Os cortes abruptos, os flashes e as transições caóticas refletem perfeitamente o estado mental do protagonista. Em cenas onde ele está mais perturbado ou sendo hipócrita, a edição acompanha seu colapso psicológico ou hipocrisia de forma sensacional.

A premissa parece simples: um ex-detetive alcoólatra e emocionalmente destruído descobre que sua filha desapareceu. A partir daí, embarca numa investigação desordenada e pessoal para encontrá-la. Aos poucos, ele descobre que a filha que idealizou está longe de ser inocente. Na verdade, Kanako é tão perturbadora, cruel e manipuladora quanto ele.

Um dos grandes méritos do filme é como ele brinca com as linhas temporais. No início, o roteiro sinaliza claramente o que é passado e presente, mas conforme a trama se intensifica, essa distinção desaparece, e curiosamente não fica confuso. A narrativa embaralhada acaba sendo mais um reflexo do caos interno do protagonista do que um mero recurso estilístico. E funciona.

As transições são um espetáculo à parte. Até as cenas mais calmas ganham tensão com a montagem agressiva, cheia de cortes rápidos e inserções quase subliminares. A maquiagem também merece destaque, não economizam em sangue, dor e impacto visual. A violência é gráfica, brutal, e atinge o espectador com força.

Outro ponto que adorei: não há ninguém para se apegar. Todos os personagens são moralmente podres. O filme não nos oferece mocinhos, só acompanhamos, como testemunhas horrorizadas, uma sucessão de decisões autodestrutivas. É um mergulho num abismo humano onde não há redenção (NÃO HÁ!!).

Mas claro, nem tudo funcionou. Por volta da metade, há uma quebra de ritmo difícil de ignorar. Um plot twist muda a perspectiva do protagonista e do espectador, mas também abre as portas para um excesso de tramas paralelas. A partir daí, o roteiro tenta dar conta de muitos elementos: envolvimento com empresários ricos, assassinos de aluguel, um policial perturbado e caricato (até agora não entendi sua real função na trama), guerra de gangues, rivalidades adolescentes. É como se o filme tentasse multiplicar os suspeitos e as teorias, perdendo o foco do que realmente importa.

Apesar desse exagero, o roteiro consegue se reencontrar perto do fim, entregando uma conclusão à altura do caos que construiu.

Sim, é um filme absurdamente violento. Em vários momentos, fiquei FISICAMENTE desconfortável, especialmente por causa da crueldade gráfica contra os personagens. E é importante deixar claro que o protagonista é um ser humano desprezível, podre, repulsivo. E sua filha não fica atrás. É um filme sobre a podridão humana, sem qualquer tentativa de suavizar ou justificar o que mostra.

Ainda assim, The World of Kanako me conquistou. Me entreteve, me chocou, me jogou no chão. Tem identidade, tem estilo, tem cenas memoráveis, diálogos densos e atuações monstruosas tanto do elenco jovem quanto dos veteranos.

Recomendo fortemente para quem curte filmes perturbadores que desafiam sua zona de conforto. Mas vá preparado, é preciso estômago, e nenhuma esperança de encontrar bons personagens. Aqui, todos estão afundando e levando os outros junto.

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Eu Vi o Diabo
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Jun 4, 2025
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No geral 8.0
História 8.0
Acting/Cast 10
Musical 9.0
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Impactante

Enrolei muito para começar esse filme, justamente por conta de sua fama como um dos melhores thrillers da Coreia do Sul. De fato concordo: é realmente muito bom. Ainda assim, acho que ele peca em alguns pontos, e por isso minha nota final fica em 8/10.

Extremamente bem filmado, com uma fotografia imersiva e uma direção que transforma todas as cenas de violência em experiências agonizantes e perturbadoras, I Saw the Devil me surpreendeu. A violência não é gratuita: as sequências longas, com poucos ou nenhum corte, criam uma tensão absurda, te deixando angustiado e com vontade de desviar o olhar.

O vilão, interpretado magistralmente, não busca ser carismático: ele é grotesco, cruel, quase um animal. Na primeira metade do filme, achei que ele fosse o “diabo” do título, enquanto o protagonista seria apenas alguém que o “viu”, um homem em busca de vingança pela morte brutal da noiva.

O vilão é um serial killer incontrolável, com sede de sangue, um maníaco sexual que escolhe como alvos mulheres bonitas e vulneráveis, embora também não hesite em matar qualquer homem que atrapalhe sua caçada. A direção acerta muito ao não romantizar essa figura. Por mais que o ator tenha carisma, o personagem não tem nada. E que atuação incrível, ele simplesmente se transforma, e não falo de maquiagem, mas de presença, de entrega.

Do outro lado, o protagonista — que inicialmente parece o "mocinho" clássico — me surpreendeu ainda mais. No começo, imaginei que seria o típico filme de vingança: um herói que persegue o vilão até matá-lo. Mas a segunda metade desconstrói totalmente essa expectativa. O vingador não quer apenas matar, ele quer transformar o vilão em sua presa, num jogo de caça cruel e psicológico. Ele o pega, tortura… e solta. Pega de novo, tortura… e solta. Vai quebrando o vilão física e mentalmente, criando nele o mesmo terror que causou às vítimas. A sombra da vingança o domina de tal forma que é possível sentir que ele está gostando desse jogo. Quem antes era apenas alguém que “viu o diabo”, acaba se transformando no próprio “diabo” aos olhos do vilão.

A mensagem do filme sobre vingança é poderosa, ela nunca traz vitória, apenas mais destruição. O vingador já havia perdido tudo no momento em que perdeu sua noiva, e o vilão nunca deixa que ele esqueça disso.

O filme é cru, violento, sombrio. Me peguei várias vezes tampando a boca, seja por susto, seja por incredulidade. Particularmente, achei a segunda metade muito superior à primeira (como se houvesse uma conversão do thriller em thriller psicológico), embora a direção fosse impecável do começo ao fim, potencializada ainda mais por uma trilha sonora precisa, que intensifica cada cena.

Mas nem tudo funcionou para mim. Duas coisas me incomodaram bastante.

A primeira foi aquela cena forçadíssima na reta final: a polícia inexplicavelmente enrolando para prender o serial killer, dando tempo para o protagonista sequestrá-lo antes da prisão de uma maneira ridícula e mentirosa. Foi uma clara conveniência de roteiro, que destoou de toda a construção cuidadosa do filme até ali.

A segunda foi a inserção desnecessária da “família canibal”, numa clara referência (ou cópia) a O Massacre da Serra Elétrica: um amigo do vilão, que vive isolado com a esposa, e que também é canibal. Achei essa parte mal inserida e mal desenvolvida, não acrescentou praticamente nada à trama. Pelo contrário contrário, soou como um artifício gratuito para chocar, algo que o resto do filme não precisava.

Enfim, é um filme ótimo, um baita thriller, que recomendo para quem tem estômago forte. Tem alguns jump scares (o primeiro quase me matou de susto), mas, no geral, não é um filme de terror, e sim um thriller psicológico denso e impactante.

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Obcecado
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Mai 31, 2025
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No geral 9.0
História 9.0
Acting/Cast 10
Musical 10
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Realmente me encantei com esse filme.

Acabei de assistir ao filme, e nunca escrevi algo por aqui sobre alguma série ou filme, mas sinto que esse filme merece meu review.
Sendo sincera, nunca vi o “amor” tão bem retratado em um filme, o desenvolvimento dos personagens é algo natural e incrível de se assistir, o romance envolvende que te faz assistir até o final.
Falando em final, chorei horrores, inclusive seria a ÚNICA coisa que eu mudaria nesse filme. De verdade, fazia tempo que um filme não me encantava assim, me emocionei muito.
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Sei no Gekiyaku
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Mai 31, 2025
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No geral 7.0
História 7.0
Acting/Cast 10
Musical 10
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Força na peruca!

LIVRE DE SPOILERS!

De todas as minhas avaliações, essa sem dúvidas foi a mais difícil. Fiquei um bom tempo refletindo qual nota a obra merecia. Mas quando eu finalmente o avaliei como um thriller, ficou claro que o filme cumpriu, sim, com o seu objetivo. No começo, foi uma tortura ter que aguentar aquelas cenas de abuso sem nenhum indicativo de para onde o filme se direcionava, pois a agressão só era jogada na gente e nada estava claro. Parecia que eu estava me submetendo a um teste de resistência extremamente sádico e desconfortável. Em outras palavras, muita violência e nenhuma luz no fim do túnel.

Então a história se desenrola e o filme vai te prendendo enquanto tentamos desvendar o principal mistério da trama. Você fica curioso para saber o histórico daqueles personagens, o porquê deles terminarem assim. E isso certamente é o que mais te prende no filme. Pois é, não são só os personagens que sofrem uma prisão psicológica.

E por falar nos personagens, preciso falar dos atores. Olha, tiro o meu chapéu pra eles. Quem assistir esse filme, vai entender. Tenho certeza que o trabalho deles não foi fácil e os dois se dedicaram muito para trazer uma história convincente e de qualidade.

Eu não costumo dar ênfase em trilha sonora, mas como vi muita gente criticando esse aspecto, preciso intervir nas críticas. A fraca presença da trilha sonora na verdade fez muito sentido e combinou com a proposta do filme.

Agora, só não dei uma nota mais alta, pois quando o filme acabou ainda fiquei com um sensação de que faltava alguma coisa no roteiro.

Para os sensíveis do coração, evite! Pule para o próximo. Para os aventureiros, assiste. Vocês provavelmente vão gostar da trama psicológica. É um filme que vale à pena para quem se amarra num thriller.

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A Carta Escarlate
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Mai 31, 2025
Completados 0
No geral 1.0
História 1.0
Acting/Cast 7.0
Musical 10
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Terrível

Estou impressionada com esse filme. Nunca imaginei que pudesse ser tão ruim.

Até a metade, eu estava entretida. O roteiro parecia seguir uma direção relativamente sólida. A premissa era interessante: um detetive tenta solucionar um caso de assassinato, desconfiando da viúva, enquanto lida com um drama familiar envolvendo a esposa grávida e a amante, que também descobre estar esperando um filho. Parecia que o filme ia explorar esse conflito duplo, equilibrando o thriller policial com o drama pessoal, mas de repente nada mais faz sentido.

Nem consigo explicar exatamente o que aconteceu, porque o filme simplesmente abandona tudo que vinha construindo sem mais nem menos. O assassinato, que parecia ser o fio condutor, é rapidamente descartado, com um desfecho sem pé nem cabeça. E o drama familiar do protagonista? De repente se transforma, do nada, em um interminável suspense de sobrevivência, com ele preso no porta-malas do próprio carro junto da amante.

O que deveria ser um thriller investigativo com um drama psicológico se converte, sem transição alguma, num suspense aleatório que não tem absolutamente nada a ver com o tom inicial.

O suposto plot twist envolvendo a esposa e a amante consegue ser ainda mais absurdo e forçado, contribuindo para o completo descolamento entre a primeira e a segunda parte do filme.

Sinceramente, não entendi até agora qual foi o propósito do filme, se é que havia um. O diretor ainda tentou enfiar, de maneira nada sutil, a metáfora de Adão e Eva, com alguns simbolismos espalhados, mas o resultado ficou apenas pretensioso, vazio e, francamente, tenebroso.

Enfim, detestei. Não recomendo de jeito nenhum.

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Would You Like a Cup of Coffee
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de Amie
Mai 28, 2025
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No geral 6.0
História 9.0
Acting/Cast 9.0
Musical 6.0
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Would You Like A Cup Of Coffee

Em um momento de reflexão e mudanças, um jovem garoto repensa sua vida e decide se tornar um barista em uma cafeteria local. Nessa jornada, ele faz descobertas inspiradoras sobre si mesmo e sobre o mundo, lições que vão muito além do balcão do café.

A fotografia e o cenário de Would You Like A Cup Of Coffee são a melhor parte dele, pois toda a harmonia construída traz um sentimento de aconchego e delicadeza que aquece o coração como um café quentinho! A história se desenvolve bem e em muitos momentos senti que estava ali, dentro do café, rodeada pelos personagens e seus dilemas pessoais. Apesar disso, não gostei de alguns dos desdobramentos da história e acho que poderia ter tido algo a mais para complementar ela ao final do drama. Mesmo assim, vale a pena assistir em um dia ruim.

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Egoist
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de luiza
Mai 28, 2025
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No geral 10
História 10
Acting/Cast 10
Musical 7.5
Voltar a ver 8.0
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NUNCA IA IMAGINAR ESSE FINAL!!

eu amei tanto esse filme:( msm sabendo que o prota acaba morrendo, o fato de que após tudo que aconteceu, o namorado ainda cuida da mãe do que faleceu, como se fosse a sua própria mãe. O mais triste é que ele perdeu a dele muito novo, e sentiu o peso de n ter uma.
A humildade dele vai além.
Isso me deixou genuinamente feliz. Claro que fiquei mt triste por ele ter morrido, nunca ia imaginar aquilo, logo quando eles estavam bem e resolvidos, me recuso a acreditar nesse final😭😭😭
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Vidas Passadas
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Mai 27, 2025
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No geral 10
História 10
Acting/Cast 10
Musical 7.5
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Esse filme moeu meu coração em pedacinhos.

Past Lives é um filme silencioso e profundo sobre amores que não se concretizam, mas nunca se apagam. A relação entre Nora e Hae Sung é feita de silêncios e memórias, e me fez pensar nas pessoas que passaram pela minha vida. É uma história sobre o que poderia ter sido, contada com sensibilidade e verdade. No fim, fiquei com o coração apertado e a sensação de saudade de algo que ja vivi então entendi completamente.

Acho que no final do filme todo mundo sentiu vontade de ligar pra alguém.
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Battle Royale
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Mai 27, 2025
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No geral 9.0
História 9.0
Acting/Cast 8.5
Musical 8.0
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Brutal, instigante e impossível de esquecer

Assisti Battle Royale pela primeira vez recentemente e não consegui tirá-lo da cabeça — revi poucos dias depois. É um daqueles filmes que te marcam pela intensidade e pelo choque, mas também pela reflexão que provoca.

A premissa é simples e extrema: uma sala de aula jogada em um jogo de sobrevivência até restar apenas um. Mas a execução é onde o filme realmente brilha. Cada morte tem peso, cada escolha dos personagens revela algo sobre medo, amizade, desespero ou esperança. Apesar da violência gráfica, o foco está na psicologia dos jovens e nas diferentes formas de encarar o caos.

O elenco jovem, ainda que extenso, consegue transmitir emoções fortes, e Takeshi Kitano como o professor é simplesmente memorável. A direção é crua e direta, com uma tensão constante que não te dá respiro. A trilha sonora clássica, quase irônica em contraste com a violência, é um toque brilhante.

Battle Royale é desconfortável, mas necessário. Reassistir tão cedo depois só reforçou o quanto ele é bem construído e impactante. Um filme que não envelhece, ainda mais em tempos de discussões sobre autoritarismo, juventude e controle social.

Altamente recomendado para quem gosta de cinema provocativo e que deixa cicatrizes (no bom sentido).

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All About Lily Chou Chou
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Mai 25, 2025
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No geral 9.5
História 9.0
Acting/Cast 10
Musical 10
Voltar a ver 8.0

Humilhação, Cometer o mal sem uma maldade inerente e MÚSICA BOA.

Incontáveis músicas maravilhosas estão presentes neste filme, com uma trilha sonora extremamente refinada.
Os sentimentos evocados nos ouvintes de Lily me recordam quando conheci 'Antihoney' e suas canções melancólicas, cuja melancolia viciante, por vezes, pode se tornar perigosa.
As 'feridas' que não cicatrizam podem, em algum momento, te engolir, elas nunca curarão totalmente, então é preciso reprimir e conviver com elas até que se transformem em uma dor crônica aceitável.
Até mesmo quem cometeu o mal carrega, de certa forma, o peso de seus atos. Isso apenas evidencia como somos conectados: ao deixarmos este mundo, não levamos conosco nossas conexões.

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